Tempo, Ano, Medo


2018 prepara-se para nos dar as boas-vindas: precipitamo-nos a entrar no novo ano, escorregamos, sem controlo da rapidez, nesta loucura imparável que é o tempo. Tudo passa tão rápido; sei que reconheço cada vez mais isso.

Este será, para mim e para muitos outros, o ano em que farei 18 anos. O ano em que acabarei o ensino secundário, em que deixarei para trás o ensino obrigatório e, assim, deixarei também de percorrer um caminho que me foi traçado e definido por um conjuntos de outros, invisíveis, distantes, impossíveis de conhecer totalmente. Todos os anos aprendi matérias, tive professores, li livros, sem que tenha sido eu a escolher - porque eu e todos fomos obrigados pelo governo, pelo sistema em que crescemos. 12 anos da nossa existência passaram-se assim e agora, pela primeira vez, estaremos livres de tudo isso. Claro, não é uma liberdade total (em boa medida, nem sei o que isso significa), mas será, de certo modo, uma maneira de nos sentirmos mais nós próprios. Somos sempre obrigados a viver pelas ordens, pelas leis impostas, mas agora, o que iremos aprender daqui para a frente, na faculdade ou não, somos nós que decidimos. Deixaremos de ter a obrigação, não escolhida por nós, de entrar todos os dias, Setembro a Junho, nessa instituição que é a escola - e isso deixa-me inteira e perfeitamente assustada.

Sim, assustada. Não teremos mais um percurso certo, teremos que ser nós a aventurarmo-nos: quando finda um ano poderemos não saber o que estaremos a fazer no próximo. E saber isto, saber que as coisas vão ser assim, que ficarei sem rede de segurança, assusta-me. Mas, não é só isso que me faz sentir: sinto-me também ansiosa, empolgada, animada, desejosa, sonhadora, feliz. Eu sou este jorrar de sensações perante esta perceção, perante este futuro que se avizinha incerto - sou e serei até ver o que acontece: depois disso continuarei certamente a sê-lo, apenas os ingredientes da mistura química se alterarão. O meu maior dilema, no entanto, não são estas emoções que sinto, avassaladoras e controladoras: é antes o facto de ser eu a culpada. Aconteça o que acontecer, escolha eu o que escolher, o resultado vai sempre depender de mim. É certo que existem sempre coisas que não controlamos, mas aquilo que é nosso temos que o saber governar: a nossa vida. E depois o falhanço se vier, assim como o sucesso se lucrar, serão oriundos da nossa pessoa, escolhas feitas, ações tomadas. É precisamente disso que tenho mais medo. E embora não saiba porque o tenho quando parece que os outros estão ilesos, percebê-lo, escrevê-lo, a mim ajuda-me.

Apercebi-me que passo demasiado tempo da minha vida a conjeturar desculpas. Fabrico desculpas para o eventual fracasso do que ainda não se iniciou - como é que me poderei aventurar na vida, viver realmente a vida, se tenho esta noção tão preconcebida da minha inevitável caída?

É lutar. É enfrentar o medo de frente e tomar conta do destino. Alegro-me de me ter apercebido disto, pois será este o primeiro passo para a mudança. Vamos em frente, num 2018 forte, para eu fazer do ano o que eu quero que dele se faça. Mesmo que me venha o medo é ter a certeza de que lhe vou resistir: eu vou persistir.

F.A.

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